A noite parecia não ter fim. As horas, ainda meio adormecidas,
teimavam em não passar.
Finalmente, o despertador toca. Arranjo-me, apanho o metro e vou para
a Escola de Hotelaria e Turismo do Porto, pronta para fazer três exames:
português, matemática e inglês.
Pelo caminho, um turbilhão de pensamentos. Está a chover. Vou ficar
toda molhada. Será que vou encontrar a sala dos exames?
Entro na Escola, abro a porta e vejo uma multidão. Estão todos cá para
fazer os exames? Não pode ser.
O nervoso miúdo rapidamente cresce. Tanta gente e apenas 25 vagas.
Alguém ao fundo do corredor chama. Não consigo ver quem é, mas a
multidão movimenta-se e eu vou com eles.
Chegamos à entrada do auditório e começam a fazer a chamada.
Chamam por mim. É agora. Sento-me na pequena cadeira e começo os
exames.
Ouvem-se os suspiros, a tosse, o clicar das canetas, os materiais que
caem ao chão. O calor começa a aumentar...ou serei eu que estou a aquecer?
Num abrir e fechar de olhos o tempo passa. Saio da sala de exames com
a sensação de derrota. Ver tanta gente a concorrer deixou-me sem esperança. Mas
a avaliação ainda não tinha terminado. Daí a dois dias tinha uma entrevista,
com algumas perguntas em inglês.
Curiosamente, senti-me bem durante a entrevista. O nervosismo já tinha
passado e consegui ser eu mesma.
A semana que se seguiu foi tenebrosa. A espera longa e dolorosa pelos
resultados. E se o lado consciente me dizia é
impossível entrar, o lado sonhador mantinha acessa a esperança.
Finalmente chegou o dia.
Chego à Escola e vou directa ao corredor. Vejo a lista interminável de
nomes. Procuro nos primeiros e lá estava o meu nome, em 7º lugar, ADMITIDO.
O coração disparou. Voltei a olhar. Confirmei novamente. Segui a linha
da grelha com o dedo para não haver dúvidas.
Mas estava mesmo lá. Eu tinha entrado para a Escola de Hotelaria e
Turismo do Porto no curso que eu sempre quis Gestão e Produção de Pastelaria.
E ali, naquele momento, começou o sonho...
Sem comentários:
Enviar um comentário